Duas variedades de mandioca são recomendadas para produção de amido no recôncavo baiano

Nesta sexta-feira (1º/12), a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realiza, na Fazenda Novo Horizonte (Laje, BA), a extensão de recomendação de duas variedades de mandioca de uso industrial para as microrregiões de Valença, Jequié e Santo Antônio de Jesus (BA). O dia de campo é destinado a produtores, técnicos e agentes multiplicadores que trabalham com a cultura da mandioca.

Em pesquisa liderada pelo pesquisador Eder Oliveira, a BRS Kiriris e a BRS Formosa foram avaliadas desde 2011 em diferentes fazendas da Bahiamido Serviços Agroindustriais S.A. e da Cooperativa dos Produtores de Amido de Mandioca do Estado da Bahia (Coopamido) e nas áreas experimentais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) – nesta última, as avaliações foram apoiadas pela equipe do professor Marcos Silva. Somente na Bahiamido, única fecularia industrializada do estado, cerca de 650 dos 1500 hectares estão plantados com quatro variedades da Embrapa — duas são a BRS Formosa e a BRS Kiriris.

Segundo Eder, as variedades são naturalmente resistentes a doenças específicas que representavam grandes ameaças à produção de mandioca das localidades que as adotaram. “Elas dispensam o uso de agroquímicos, trazendo benefícios para o meio ambiente, o trabalhador e o consumidor”, afirma.


Com o recente interesse industrial pela mandioca nas microrregiões de Jequié e Santo Antônio de Jesus, a parceria com a Coopamido e Bahiamido foi importante para a validação das recomendações. “Conseguir desenvolver e difundir esses materiais em parceria com Embrapa é fundamental para promovermos o crescimento do setor. A Bahiamido tem um papel extremamente importante nesse aspecto que é de servir de modelo para os pequenos e médios agricultores da região, podendo estimulá-los a cultivar e fornecer matéria-prima para a própria Bahiamido movimentando o mercado local, gerando emprego e renda”, explica Manoel Oliveira, encarregado de desenvolvimento agronômico da indústria.

O amido produzido com as duas variedades está sendo utilizado para a fabricação de fécula, amido modificado, tapioca, farinha, polvilho doce e polvilho azedo. “A Bahiamido tem apostado muito no desenvolvimento de novas variedades e em estudos isolados no manejo delas. Nós acreditamos que esse trabalho é fundamental para conquistarmos os resultados que almejamos, garantindo o crescimento contínuo e a longevidade do negócio através da verticalização da produção. Além disso, a difusão destes materiais na região leva o recôncavo baiano a um novo patamar de produtividade/rentabilidade das lavouras de mandioca, o que pode servir de estímulo para quem deseja iniciar o cultivo, culminando na expansão da mandiocultura por todo o estado”, continua Manoel.

BRS Formosa
Recomendada inicialmente em 2003 para o centro-sul baiano, em parceria com a Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) e a extinta Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a BRS Formosa demonstrou excelente aptidão para cultivo nas microrregiões de Valença, Jequié e Santo Antônio de Jesus, com tendência de expansão da área.

Apresentou níveis de resistência similares aos das variedades cultivadas na região quanto às principais doenças de parte aérea (antracnose, mancha parda, mancha branca e queima das folhas) e raízes (podridão radicular) e atributos produtivos superiores quando comparada com algumas variedades recomendadas pela Embrapa (superior em 37% e 44%, na produtividade de raízes e amido, respectivamente, considerando a média dos ensaios) e em comparação com as variedades locais (superior em 61% e 60%, na produtividade de raízes e amido, respectivamente, considerando a média dos ensaios).

Outras vantagens competitivas são o porte ereto, porém com algumas ramificações acima de 1,20 m de altura — o que confere aptidão para o plantio mecanizado e maior adensamento de plantas —, e a facilidade de colheita, por possuir raízes em disposição horizontal, que favorece o arranque e despencamento.

BRS Kiriris
Já a cultivar BRS Kiriris é resultado de projeto de geração e multiplicação das variedades desenvolvido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE). Tem grande aceitação no Nordeste por ser resistente à podridão de raiz, uma das principais doenças da cultura na região. Em Sergipe, quando adotadas as orientações técnicas mais adequadas de preparo do solo, adubação e manejo da cultura, os resultados chegaram a até 64 toneladas por hectare. Atualmente pode ser encontrada em 18 municípios do estado.

Nos testes realizados em Laje, a produtividade média de raízes frescas conferiu à BRS Kiriris uma superioridade de 19,30% e 103,85% em comparação com outras variedades da Embrapa e variedades locais, respectivamente. A produtividade média de amido foi superior em 17,70% e 110,32% quando comparada com outras variedades da Embrapa e variedades locais.

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