Empresário aplicava golpes dizendo que tinha amigos na Receita

Pelo menos dez médicos e advogados foram vítimas do empresário Rodrigo Soares Góes, 41 anos, só em 2018. Dono do Siriguejo Delivery, famoso por fornecer frutos do mar a famosos de várias áreas, Rodrigo usava a credibilidade do estabelecimento para estreitar laços com os clientes e, posteriormente, aplicar o golpe. Ele tinha um mandado de prisão em aberto e já responde a dois processos e um inquérito por estelionato.

De 2012 até agora, são 21 denúncias. A polícia acredita que o número, tanto em dinheiro quanto em vítimas, seja ainda maior. Os golpes, no entanto, não têm uma ligação direta com o Siriguejo Delivery. A empresa, que funcionava normalmente, era utilizada apenas como uma espécie de “laranja” para sua real fonte de renda que, segundo a polícia, eram os golpes.

Apresentado à imprensa nesta segunda-feira (6), o empresário manteve-se boa parte do tempo com o rosto coberto por uma camisa e se limitou a dizer que é casado e tem filhos.

Amigos’ na Receita
Titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), a delegada Carla Ramos explicou que após criar um vínculo com seus clientes do delivery – pessoas, em geral, de classe média alta -, o suspeito dizia que era amigo de funcionários da Receita Federal e poderia conseguir, por exemplo, um iPhone X (que custa cerca de R$ 7 mil) por R$ 1.900.

Inicialmente, a Polícia Civil havia divulgado que os golpes chegaram a render R$ 300 mil ao suspeito, mas a informação foi retificada.

Ainda de acordo com a delegada, não há qualquer relação entre Rodrigo Soares e funcionários da Receita. A Polícia Civil afirma, inclusive, que não existiam celulares, notebooks ou qualquer outro eletrônico. “A imagem dele com os clientes era tão bem construída, que ele estava acima de qualquer suspeita”, acrescenta.

Investigação
Os golpes de Rodrigo vieram à tona depois que cinco médicas procuraram a polícia para registrar os casos. “Depois de começar a investigar a vida dele, outros casos foram surgindo. Houve golpe contra uma escola particular e um escritório de advocacia, todos em Salvador. Descobrimos o endereço do delivery por meio das redes sociais”, informou a delegada.

O que a polícia não esperava, no entanto, era que a sede do Siriguejo já havia sido transferida, como Rodrigo costumava fazer periodicamente, segundo a delegada, para dificultar sua localização.

Delegado do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), Delmar Bittencourt afirmou que Rodrigo é estelionatário e agiu nos mesmos moldes em todos os casos investigados.

“Ele não tem absolutamente nada em nome dele. Em depoimento, disse que costumava ganhar R$ 12 mil por mês com o delivery, mas que no verão a renda era maior. Só que nunca a ponto de bancar o que ele fazia. Mudar de carro, mudar a sede da empresa – que costumava ser alugada. Um outro ponto é que ele dava muitos calotes nos locatários desses imóveis”, completou. Rodrigo está preso por estelionato, mas a polícia investiga a possibilidade de outros crimes.

F: Correio

Nenhum comentário:

Postar um comentário