Por R$ 150 ao mês, escola ensina como expulsar o demônio

Manuel Acuña é um controverso bispo luterano da Argentina. Acostumado a fazer exorcismos, ele decidiu abrir uma escola de exorcismo em Buenos Aires após precisar ajudar uma menina que passou a escrever e falar em outros idiomas durante um culto. Isso foi há 15 anos. Desde então, ele contabiliza que precisou tratar de 1,2 mil casos de possessão.

“Naquele dia, no meu primeiro exorcismo, eu me apresentei para o diabo. A partir dali o exorcismo virou minha vida”, explicou o religioso. “Deus me colocou neste caminho, eu não escolhi ser exorcista. Ser exorcista é um chamado, o chamado de Deus para trabalhar na infantaria entre os seus”, explica.

Acuña cobra 700 pesos (cerca de R$ 150) ao mês em um curso de três anos, o primeiro do tipo na América Latina. O argentino afirma ensinar “a arte de dominar o demônio, além de psicologia, xamanismo e interpretação de fenômenos paranormais”.

Essa postura não é aprovada pela Igreja Luterana Argentina, que não ensina sobre a libertação e trata as atitudes de Acuña com ceticismo e desaprovação. Aos 54 anos, ele lidera a pequena igreja O Bom Pastor, em Santos Lugares, bairro de classe média baixa na periferia de Buenos Aires.

Entre suas muitas histórias, ele assegura ter realizado “o maior exorcismo do mundo”. Em 2015, ele ajudou Laura, que passou 10 dos seus 23 anos internada em um hospital psiquiátrico. Depois de suas orações, garante o bispo, hoje ela “está perfeitamente bem de saúde”.

Apesar de se declarar luterano, suas práticas incluem o uso do crucifixo e ele mantém no altar da igreja estatuetas do arcanjo Gabriel, chamado por ele de o “exorcista invisível”, e do arcanjo Rafael. Justifica que pertence à Associação de Igrejas Evangélicas Luteranas Independentes, com sede em Nova York, que teria outra filosofia.



A escola
Aberta no início do ano, sua escola atualmente possui 35 alunos, todos adultos. Eles almejam obter o título de Consultor Exorcístico. O programa inclui aulas de filosofia, e antropologia, mas o ponto alto são as classes de demonologia, que “estudam o caráter e a função do diabo e de todos os demônios”, explica Acuña.

Luciana Jeaume, 38 anos, frequenta o curso e conta que desde pequena se interessa por bruxaria e feitiçaria. “Aprender todas as ferramentas é uma forma de poder combater o diabo”, insiste.

Além das aulas, uma vez por mês, Acuña faz uma espécie de ritual contra feitiços e malefícios. A presença de centenas de fiéis obriga o fechamento da rua. É comum muitas manifestações, com pessoas gritando e desmaiando. Na mais recente, uma mulher cuspia sangue, “É porque houve um pacto com sangue animal”, explica o bispo.

Na busca de desempenhar a prática do exorcismo, a turma é bastante heterogênea, incluindo donas de casa, advogados, um escritor e um arquiteto.

Há professores convidados, como o parapsicólogo Alejandro Morgan, um ex-jogador de futebol que diz ter conhecimentos de ocultismo passados por sua avó. Ele dá aulas de velomancia, espécie de adivinhação com velas.

Outros ajudam em matérias que incluem a radiestesia – percepção de radiações – e eneagramas, um sistema que permitiria uma análise de personalidade.

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