FLICA: Minna Salami e Cidinha da Silva falam sobre a mulher negra

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Falando como se defender do racismo e das desigualdades em relação ao gênero e etnia, Minna Salami e Cidinha da Silva lotaram o Claustro da Ordem Terceira, na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), na tarde deste sábado, dia 7. A mesa foi mediada por Denise Carrascosa.

Logo nas primeiras falas, Salami disse “Como podemos falar por décadas sobre o preconceito a mulher negra e nada mudar?”. E seguiu dizendo que pensando nisso, começou a escrever. “Fui muito inquiridora, quando fui morar na Suécia fui brutalizada pelos Skinhead, sofri muita resistência de racismo”, revelou.

De acordo com a jornalista, defensora da mudança do papel da mulher no mundo e pesquisadora das relações entre gênero, quando decidiu que deveria seguir suas raízes, passou a usar o blog batizado de “MsAfropolitan”. “Eu vi que as pessoas começaram a gostar do meu engajamento e usei meu blog sem censuras”.

E seguiu. “Existe uma poesia de resistência. Precisa ter uma palavra. Uma linguagem de raiz. Emocionalmente falando, a linguagem é muito poderosa”. Por suas ideias, foi escolhida pela Revista Elle, ao lado de personalidades como Angelina Jolie e Michelle Obama, como uma das "12 mulheres que mudaram o mundo". Minna é colaboradora do The Guardian e colunista do Guardian Nigéria.

Seu trabalho defende uma mudança feminista global, estudando criticamente a relação entre gênero, etnia, política, cultura pop e crítica social, a partir de uma perspectiva centrada na África. “Não é fácil ser uma mulher negra em um país de maioria branca. Homens me chamam de blogueira de moda. Eu gosto de moda, mas falo de sociologia, da mortalidade materna, falta de água... no final quero me posicionar e falar da minha verdade, quero enfatizar isso. Escrever e protestar me dar prazer”.


Já Cidinha da Silva falou do seu trabalho de escritora como humanização. Escritora e dramaturga, é autora de 11 livros de literatura, entre crônicas para adultos, conto e romance para crianças e adolescentes. Destaca-se no conjunto de escritoras e escritores negros de sua geração por dedicar-se à crônica, gênero amplo e diverso que traduz pela palavra o cotidiano vivido.

“Gosto de falar de futebol, que não é exatamente comum para as mulheres, mas eu gosto. Sempre busco refletir humanidade na minha escrita. Enfrento a opressão racista, também, provocando o riso, com isso exercito a minha humanidade, amplio e expando a minha noção de humanidade”, disse.
E completa, “não sou uma pessoa que sofro ao escrever. Tenho muita alegria e isso tem a ver com a minha espiritualidade. Minha escrita é uma escrita de uma mulher negra, politicamente posicionada. A partir dai a literatura que eu faço é uma literatura negra”.
De acordo com Cidinha, o racismo é estrutural e atinge a todos. “Há pessoas negras que são discriminadas e incorporam estas ações e discriminam. São contradições que precisam ser enfrentadas”.

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