Germinada há 25 anos, na pequena cidade histórica mineira, a Mostra de Cinema de Tiradentes irá homenagear uma de suas “crias” na próxima edição, com início em 20 de janeiro. Seguindo a mesma trajetória do quarteto da produtora Filmes de Plástico, que recentemente teve o longa-metragem “Marte Um” selecionado para representar o Brasil no Oscar 2023, Ary Rosa e Glenda Nicácio começaram a acompanhar o festival quando eram apenas estudantes de cinema.
“Foi uma grande surpresa, uma emoção (ao receber a notícia da homenagem), porque Tiradentes é, sem dúvida alguma, a mostra mais importante de nossas vidas”, comemora Rosa, nascido em Pouso Alegre. Ao lado de Glenda, que é de Poços de Caldas, ele passou a frequentar as oficinas da Mostra pouco depois de ingressar no curso de cinema da Universidade Federal do Recôncavo Baiano. “Ser homenageado, vindo de um lugar que a gente tem muito afeto, é muito bonito”, registra.
Antes alunos desconhecidos, eles logo se tornaram uma das atrações da mostra mineira. O premiado “Café comCanela”, longa-metragem de estreia assinado por Rosa e Glenda, abriu a Mostra de 2018. Todos os trabalhos feitos depois, sem exceção, tiveram passagem por Tiradentes - “Ilha” (2019), “Até o Fim” (2020) e “Voltei” (2021). Nesta 26ª edição, eles apresentarão “Na Rédea Curta” e “Mugunzá”, que terá a sua estreia mundial no primeiro dia de programação.
Realizado de forma completamente independente, “Café com Canela” foi uma das grandes surpresas dos últimos anos, apontando para um novo centro de produção no sul da Bahia. A forma de realização tem tudo a ver com o tema central da Mostra deste ano, focada no “cinema de mutirão”. Para Ary Rosa, “pensar em mutirão é pensar em muita gente trabalhando junto em prol de alguma coisa. E quando essa coisa é um filme, um trabalho artístico, o resultado é muito bonito”.
O cineasta assinala que “Café com Canela” foi como um filme-escola, fundamental para tudo que a produtora construiu depois.“Hoje, se a gente faz uma média de um filme por ano, só foi possível porque o filme possibilitou isso financeiramente, com a visibilidade que deu para nós”, afirma. A história acompanha a personagem Margarida, que vive isolada da sociedade após se separar do marido. Uma ex-aluna bate à sua porta e assume a missão de enchê-la novamente de vida.
Ele lembra que a praticamente todas as pessoas envolvidas na filmagem eram “marinheiros de primeira viagem, sem nunca terem feito um longa ou ficado tanto tempo no set”. O resultado é um filme que tem muito a ver com a visão de mundo de seus realizadores, baseada no território e na diversidade. “Essa construção que a gente faz tem muito mais a ver com a maneira como vemos o mundo e como esses novos olhares passam a ter protagonismo agora”.
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