CRUZ DAS ALMAS: Moradores da Pumba culpam ação policial pela morte de instrutor de academia

Familiares e moradores da comunidade rural da Pumba, culpam ação policial pela morte do instrutor de boxe de 41 anos, morto por disparo de arma de fogo na tarde de domingo, 08, no conjunto habitacional Minha Casa, Minha Vida. Segundo informações de testemunhas oculares, a vítima identificada como Edivanildo Conceição da Silva, estava voltando de um jogo de futebol e passou em um estabelecimento para comprar uma lata de tinta que seria usada para pintar as paredes da academia onde dava aulas. Nesse exato momento, o mesmo havia sido abordado por uma guarnição da 27º CIPM e por motivos desconhecidos, o mesmo foi baleado, chegou a ser levado para a UPA pelos próprios policiais, mas o mesmo não resistiu aos ferimentos.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que tudo aconteceu tendo a audição de moradores externando extrema revolta.

Até o dia 11 (quarta-feira) a 27º não havia divulgado nenhum balanço da suposta operação policial ou até mesmo uma Nota de Esclarecimento informando o que de fato aconteceu ou o que acontecerá com os policiais envolvidos nesta situação.

Uma caminhada pacífica foi realizada na própria comunidade que já organiza um protesto nos próximos dias para que o Poder Judiciário possa intervir e punir os supostos "culpados" pela morte do professor que deixou filhos órfãos e uma esposa viúva.


ESTATISTICA

Estudo publicado no dia 07 de novembro pela Rede de Observatórios da Segurança mostra que 4.025 pessoas foram mortas por policiais no Brasil em 2023. Em 3.169 desses casos foram disponibilizados os dados de raça e cor: 2.782 das vítimas eram pessoas negras, o que representa 87,8%.

Os dados do boletim Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão, que está na quinta edição, foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) em nove estados. Em todos eles, o padrão é de uma proporção muito alta de pessoas negras mortas por intervenção do Estado: Amazonas (92,6%), Bahia (94,6%), Ceará (88,7%), Maranhão (80%), Pará (91,7%), Pernambuco (95,7%), Piauí (74,1%), Rio de Janeiro (86,9%) e São Paulo (66,3%).

Para a cientista social e coordenadora da Rede, Silvia Ramos, os números são “escandalosos” e reforçam um problema estrutural do país: o racismo que atravessa diferentes áreas como educação, saúde, mercado de trabalho, mas que tem sua face mais crítica na segurança pública.

“O perfil do suspeito policial é fortalecido nas corporações. O policial aprende que deve tratar diferente um jovem branco vestido de terno na cidade e um jovem negro de bermuda e chinelo em uma favela. A questão é: 99,9% dos jovens negros das favelas e periferias estão de bermuda e chinelo. E todos passam a ser vistos como perigosos e como possíveis alvos que a polícia, se precisar, pode matar”, diz a pesquisadora.

Na análise por estados, a Bahia é a unidade da Federação com a polícia mais letal, com 1.702 mortes. Esse foi o segundo maior número já registrado desde 2019 dentre todos os estados monitorados. Na sequência, vem Rio de Janeiro (871), Pará (530), São Paulo (510), Ceará (147), Pernambuco (117), Maranhão (62), Amazonas (59) e Piauí (27).

“O que a gente vê na Bahia é uma escalada. Desde que a Rede começou a monitorar o estado, houve um aumento de 161% nas mortes. De 2019 a 2023, aconteceu o seguinte dentro da polícia baiana: em vez de coibir o uso da força letal, houve incentivo. Pode ter certeza, não é só porque os criminosos estão confrontando mais a polícia. É porque tem uma polícia cuja ação letal foi liberada”, diz a cientista social. “Se os policiais matam muito, recebem congratulações dos comandantes e incentivos institucionais, a tendência é que tipo de ação violenta seja cada vez mais incentivada”.

Informações @ForteNoReconcavo

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