Ladrões de bancos usam cada vez mais computador como arma
A imagem de bandidos com armas de guerra anunciando um assalto numa
agência bancária está virando coisa do passado. Em tempos de internet, o
estereótipo do ladrão de bancos foi repaginado, e os ataques a
instituições financeiras se tornaram mais numerosos no campo virtual. Os
prejuízos, porém, são reais. Apenas no ano passado, a Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) calculou em R$ 1,4 bilhão as perdas
causadas por fraudes eletrônicas, que incluem a clonagem ou o roubo de
dados de cartões dos clientes. De acordo com especialistas, 70% dos
golpes estão concentrados na Região Sudeste, sobretudo nos estados do
Rio de Janeiro e de São Paulo. Não que o
velho ladrão de bancos tenha se qualificado a ponto de virar um hacker. É
o que pensa o diretor do Departamento de Polícia Especializada,
delegado Fernando Reis, que tem sob sua coordenação a Delegacia de
Repressão a Crimes de Informática (DRCI). Para ele, contudo, os golpes
pela internet tendem a relegar ao passado os violentos ataques a
agências bancárias. Enquanto no ano passado foram registrados 20 roubos a
bancos no estado, em 2011 foram 37 casos contabilizados. A polícia não
informou o número de ataques eletrônicos praticados contra os bancos no
Rio.Mas, segundo estatísticas do
Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no
Brasil (Cert.br), que monitora a internet no país, em 2012 foram
registradas 69.561 fraudes praticadas por hackers contra bancos em todo o
Brasil. No primeiro semestre deste ano, a entidade registrou 34 mil
incidentes relacionados a fraudes, uma média de 93 casos por dia. A
comparação com o mesmo período do ano passado revela uma redução de mil
casos. Especialistas, no entanto, acreditam que, até o fim deste ano, os
incidentes superem os quase 70 mil contabilizados em 2012.
Páginas falsas de bancos:
Cristine
Hoepers, gerente de Segurança da Cert.br, explica que o órgão não
mantém estatísticas especificamente relacionadas a cidades ou estados:
—
Atuamos de forma técnica, para prevenção e tratamento de incidentes na
internet no Brasil. O Cert.br não participa de processos investigativos.
Cristine
ressalta ainda o fato de que, quanto maior o número de usuários de
internet num estado, maior é a incidência de fraudes. Por isso a Região
Sudeste, em especial o Rio de Janeiro e São Paulo, está no topo do
ranking de ataques por hackers. Na maior parte dos casos, os
ciberladrões criam páginas falsas de bancos, administradoras de cartões
ou empresas aéreas como ponto de partida das fraudes.
— O ataque
tenta levar a pessoa a acreditar em algum fato e seguir um link para
uma página falsa, ou instalar um código malicioso no computador da
vítima. Se o usuário não está esclarecido sobre o problema e acredita no
ardil utilizado, poderá ser afetado pela fraude — afirma Cristine.
Diretor
da Trend Micro, empresa especializada em segurança de conteúdo para
internet e computação em nuvem, Leonardo Bonomi diz que, atualmente, a
maior parte dos ataques a bancos acontece por meio da rede mundial de
computadores. E 70% dos casos estariam concentrados na Região Sudeste.
—
É fato que, no mundo digital, é grande a atuação de ciberladrões, que
costumam agir como células. Alguns grupos se especializam em levantar
informações de clientes e instituições financeiras. Outros agem na
retirada ou transferência dos recursos para outras contas, inclusive
fora do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário