Ministro da Cidadania fala em evitar 'tumulto' e 'balbúrdia' em pagamento de auxílio emergencial

O ministro da Cidadania, João Roma, disse nesta sexta-feira, dia 12, que a retomada do auxílio emergencial deve ser feita com "serenidade" para evitar "balbúrdia" no pagamento do benefício a 46 milhões de pessoas vulneráveis.

O ministro vê risco de filas, distúrbios e quebra-quebra em agências se houver informações divergentes sobre as datas de liberação do dinheiro e o valor, em média de R$ 250 mensais, nos próximos quatro meses. Embora o governo Jair Bolsonaro pretendesse iniciar o pagamento ainda em março, como vinha sendo anunciado, o mais provável agora é que o pagamento ocorra apenas na primeira semana de abril, como mostrou mais cedo o Estadão.

"Numa operação dessa é preciso ter muita serenidade. É um momento de muito tumulto, mas a execução de um programa desse exige perícia e serenidade no processo. O que eu chamo de serenidade é evitar a balbúrdia", explicou o ministro, em entrevista no seu gabinete.

No cargo há três semanas, o ministro indicado pelo Republicanos, partido do Centrão, trata a nova rodada de pagamentos como prioridade por ordem de Bolsonaro, e não chegou nem a nomear sua equipe de confiança no ministério.

Roma afirma que sua grande preocupação agora é afinar a comunicação do governo, para que o público-alvo do programa - desempregados, informais, microempreendedores e autônomos - saiba exatamente quando se dará o pagamento e não passe por situações de mais ansiedade, tampouco de risco, como filas e aglomerações em agências da Caixa Econômica Federal, como ocorreu no ano passado.

"Num primeiro momento, em 2020, eram informações muito desencontradas, hoje a população sabe como é. Tem mecanismos de conta digital, é importante comunicar isso bem. É uma responsabilidade do governo e de todos os órgãos que atuam na comunicação para evitar inclusive um distúrbio com a nossa população", diz Roma.

"Veja o risco de dizer 'vamos pagar o auxílio em março'. Dia 18 de março inicia o pagamento do Bolsa Família, um calendário que já existe há 18 anos. Se eu digo que 'vou pagar o auxílio em março', o cara que chegar dia 18 e receber só R$ 122 vai questionar a caixa: 'Cadê o resto do meu dinheiro, sua ladra? O presidente disse que eram R$ 250 e que era para pagar em março. Cadê? Ah, não tem?' Quebram a agência da Caixa. Dá problema. Precisa ter uma responsabilidade gigantesca nisso aí, para evitar."

Na prática, os valores devem variar entre R$ 150 (solteiros) e R$ 375 (mulheres provedoras do lar), como informou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que admitiu que o auxílio vai ser pago em abril, "mas referente a março".

Ruídos de comunicação com Guedes têm preocupado Roma, que vê o programa como primeiro desafio no governo e uma urgência. Ele já admitiu nos bastidores que se assusta com "rompantes" de integrantes do governo e que gostaria de ter uma unificação no discurso - todos falando num valor médio (o plano é que a maior parte das pessoas receba R$ 250) e nas mesmas datas.

"Precisamos nos comunicar de forma serena. O governo é um só. Isso é um esforço de governo, não é meu isolado. É executado pelo Ministério da Cidadania, mas com muitos órgãos envolvidos", diz o ministro.

Roma explica que o público alvo foi reduzido a partir de depuração das bases de cadastro e do encontro de milhares fraudes e pagamentos indevidos ou até de pessoas que se encaixavam nas regras, mas escapavam ao objetivo do programa, como bolsistas da Capes - que antes poderiam receber, embora contassem com a bolsa como fonte de recursos.

"O dinheiro tem que chegar na mão de quem está necessitado, sem poder trabalhar, desempregado. Dinheiro federal nenhum pode ser gasto à toa", diz Roma.

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