Festa da Irmandade da Boa Morte começa neste sábado (13) em Cachoeira, Recôncavo Baiano

Considerada uma das mais importantes manifestações culturais e religiosas da Bahia, a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte vai acontecer entre os dias 13 e 17 de agosto, na cidade histórica de Cachoeira, Bahia, a cerca de 117 quilômetros de Salvador. Depois de dois anos sem ser realizada integralmente por conta da pandemia, serão realizados os rituais tradicionais, como missas, procissões, distribuição de comidas e samba de roda.

O festejo é realizado pela Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, considerada uma das mais antigas do país. Com mais de 200 anos de existência, a festa é considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Estado registrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) desde 2010.

Resistência e Fé

A Irmandade da Boa Morte é uma confraria religiosa afro-católica, que na sua origem, e por muito tempo, foi responsável pela alforria de inúmeros escravizados. Formada exclusivamente por mulheres negras, com mais de 35 anos, sua história começa no século XIX, em Salvador, nas proximidades da Barroquinha, mas, foi em Cachoeira que fincou suas raízes.

“A história se confunde com o tráfico de escravos da Costa da África para o Recôncavo canavieiro da Bahia. Os primeiros sinais são de 1810, em Salvador, a partir de escravas vindas da África, mas o grupo acaba extinto na capital, por conta das perseguições. Por isso, algumas irmãs foram para Cachoeira, em 1820. Assim, a Irmandade em Cachoeira foi criada”, diz o produtor cultural Valmir Pereira, que trabalha na Irmandade há 27 anos.

As irmãs revelam que a devoção a Nossa Senhora da Boa Morte surgiu vinculada a um pedido pelo fim da escravidão e por uma morte digna. “Os negros não eram bem tratados, então sempre pediam a Nossa Senhora uma boa morte ao lado dela, pois até o direito de morrer com dignidade a gente não tinha”, disse a irmã Zelita Sampaio
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Com informações e fotos de Mario Jorge/Blog Notícia Preta

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