A Polícia Civil da Bahia revelou uma conexão entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e uma rede de postos de combustíveis que operavam sob a bandeira Shell. A descoberta foi feita durante a Operação Primus, deflagrada em 16 de outubro, que resultou na prisão de Jailson Couto Ribeiro, conhecido como Jailson Jau, considerado um dos maiores revendedores da marca na América Latina.
De acordo com as investigações, a rede administrada por Jau era usada para adulterar combustíveis, lavar dinheiro e ocultar patrimônio proveniente de atividades criminosas.
Jailson Jau, natural de Iaçu (BA) e residente em Feira de Santana, administrava uma rede de cerca de 200 postos de combustíveis da marca Shell, controlados no Brasil pela Raízen, empresa do grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto.
A polícia afirma que o empresário era responsável por estruturar um esquema bilionário de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, com ramificações em outros estados.
Jau foi preso em um hotel de luxo em Lençóis, na Chapada Diamantina. Ele havia disputado a prefeitura de Iaçu nas eleições de 2020 e 2024 e tinha forte influência política na região. Em 2022, apoiou o deputado federal Dal Barreto (União Brasil-BA), investigado na Operação Overclean, da Polícia Federal.
Nas redes sociais, o empresário ostentava uma rotina de luxo, com viagens frequentes para a Europa e o Oriente Médio.
Raízen nega vínculo
Em nota, a Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil, informou que não mantém qualquer relação comercial com a rede Lubrijau, controlada por Jailson Jau, e que o uso da marca Shell era feito de maneira ilegal.
“A empresa esclarece que não mantém qualquer relação comercial com essa rede, sendo o uso da marca Shell feito de maneira ilegal. A companhia está atuando judicialmente para retirada completa da identidade visual. A Raízen reitera que não compactua com qualquer tipo de irregularidade e reforça seu compromisso com a transparência, a integridade e o respeito às normas legais”, afirmou em nota.
Operação Posto Legal
Dois postos de combustíveis tiveram suas bombas lacradas nesta segunda-feira, 27, no município Cruz das Almas, durante a Operação Posto Legal, promovida pela Secretaria da Fazenda (Sefaz), Agência Nacional de Petróleo (ANP), Instituto Baiano de Metrologia (Ibametro) e Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Um dos postos pertence a Pedro Henrique Ramos Ribeiro, filho de Jaílson Couto Ribeiro.
Outro posto que teve as bombas lacradas pela fiscalização seria de Roberto Auguto Leme da Silva, o 'Beto Louco', apontado como sócio de Mourad e também ligado ao PCC, de acordo com as investigações.
Desde 2024, Jau deixou de comprar combustíveis da Shell, mas, continuou usando a bandeira da multinacional. Motivo pelo qual, a Raízen, distribuidora da petroleira, ingressou com ação na justiça por uso indevido da marca.
Investigações continuam
As autoridades seguem rastreando o fluxo financeiro e os vínculos empresariais da rede investigada. A Polícia Civil apura o envolvimento de postos, transportadoras e distribuidoras que teriam operado sob o comando de Jailson Jau e com apoio de integrantes do PCC.
O caso é considerado uma das maiores investigações do setor de combustíveis no país e deve ter novas fases nas próximas semanas.




Nenhum comentário:
Postar um comentário